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Sinais que mostram quando estamos desnutridos e como resolver

Se você pesquisar por “desnutrição” na área de imagens do Google, o principal portal de buscas da internet, perceberá que a maioria das fotos mostra indivíduos de ossos aparentes, olhos profundos e em situação de fome. Embora seja impossível dizer que a cena ficou 100% no passado, ela está longe de abarcar todas as nuances ligadas ao termo atualmente. “A sociedade e o corpo das pessoas foram se modificando, assim como a maneira de adoecer”, interpreta a nutricionista Nathália Paula de Souza, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Não exibir marcas da magreza e ter fácil acesso a alimentos não nos afasta das garras da desnutrição. Tanto é que esse quadro mais sorrateiro, que envolve a carência de vitaminas e minerais, ganhou até nome: fome oculta. O conceito não é novo, mas sua abrangência nunca foi tão atual.

Segundo dados da última pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), conduzida pelo Ministério da Saúde, 55,7% da população está com excesso de peso, enquanto 19,8% apresenta obesidade.

“A prevalência desses dois problemas tem aumentado de forma contínua e intensa. A situação é alarmante”, afirma a nutricionista Sandra Chemin, coordenadora do curso de nutrição do Centro Universitário São Camilo, na capital paulista. Mas o que isso tem a ver com a desnutrição?

Apesar de o ganho de peso envolver diversos fatores, incluindo características genéticas, um deles é preponderante: o consumo abusivo de alimentos desbalanceados — sobretudo os ultraprocessados, como refrigerantes, refeições prontas, biscoitos e salgadinhos. Muitos desses itens esbanjam carboidratos refinados e gorduras, especialmente as saturadas. Com isso, as calorias disparam.

“Por outro lado, não há quantidades significativas de micronutrientes como vitaminas e minerais”, aponta a nutricionista Liliane Viana Pires, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Aproveitamento de nutrientes comprometido

“É incontestável que o Brasil experimenta uma rápida transição nutricional”, analisa Aline Castaldi, coordenadora do curso de nutrição da Universidade São Francisco, em Campinas, no interior paulista. Ora, em paralelo à presença constante (e exagerada) de ultraprocessados no dia a dia, nota-se uma participação cada vez mais tímida de comida de verdade à mesa.

Em artigo publicado na revista Ciência e Saúde Coletiva, a professora Nathália cita que, nas últimas décadas, houve um aumento no consumo de refrigerantes, biscoitos, embutidos e refeições industrializadas na ordem de 425%, 218%, 173% e 77%, respectivamente.

Na contramão, observou-se a queda na ingestão de ovos, gordura animal, peixes, raízes e tubérculos na proporção de 83%, 63%, 38% e 33%.

“O avanço da tecnologia melhorou questões como desperdício de alimentos, controle sanitário e os impactos negativos da sazonalidade”, pondera a nutricionista da UFPE. “Só que as mudanças no sistema de produção, pautadas na desvalorização do homem do campo e na valorização do agronegócio, nos afastaram de hábitos saudáveis e alimentos regionais”, completa.

Tem outra: os produtos de baixo valor nutricional que invadiram as gôndolas e seguem fazendo sucesso são baratos e palatáveis, o que atrai quem está com as finanças apertadas.

E veja só a bola de neve: se o padrão alimentar desregrado repercute no ganho de peso, é possível que o aproveitamento de nutrientes acabe naturalmente comprometido. Em estudos na Universidade de São Paulo (USP), a professora Silvia Cozzolino, membro do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (SP/MS), identificou que indivíduos obesos ficavam devendo em concentrações de zinco — e não exatamente por causa do baixo consumo de fontes do mineral.

“Vimos que a mudança no metabolismo fazia com que o nutriente ficasse retido no tecido gorduroso”, relata a pesquisadora. “Portanto, a pessoa obesa pode ter uma ingestão adequada e, mesmo assim, apresentar deficiências”, conclui.

Fonte: Veja Saúde

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